15 de jun. de 2009

"Cultivar heresias é preservar a sanidade"

Luli Radfahrer está em alta por aqui. Tudo culpa do meu companheiro de blog Bernardo Loureiro, que "evangelizou" tanto a mim quanto ao Luiz Eduardo.

Luli é Ph.D. em comunicação digital e professor da ECA/USP. Mas, mais importante do que isso, Luli é uma voz dissonante nesse nosso mundo digital.

Autor do livro A Arte da Guerra para Quem Mexeu no Queijo do Pai Rico (só o título já valeria o preço), onde expõe o fiapo de discurso dos livros de "auto-ajuda corporativa", Luli também é um defensor do livre pensar. Algumas de suas frases mais fortes são "O perfeccionismo é maligno" e "Cultivar heresias é preservar a sanidade. Você ainda não é um ciborgue".

Não é por acaso que o discurso de Luli surja num momento em que já há pessoas repensando se toda essa velocidade e necessidade de informação, de estar up-to-date, de se adequar as cada vez mais estritas e exigentes necessidades do mercado de trabalho são saudáveis para o ser humano.

Hoje, o cliente final, o usuário, o ser humano, é fundamental e mais levado em conta em tudo que é feito. Não por acaso, estudos de usabilidade, user experience, acessibilidade, design de interface, marketing de serviço e de atendimento estão tão em voga... a concorrência é cruel, e a internet e as redes sociais amplificaram o velho "boca-a-boca". O consumidor não leva mais desaforo pra casa.

Por outro lado, o ser humano é exigido cada vez mais no seu limite. Tem que saber cada vez mais, errar cada vez menos e "se encaixar" num modelo pré-determinado de comportamento corporativo que ultrapassa o que faz no expediente (afinal, pode-se buscar pelo seu nome no Google, no twitter, no Orkut...). Será que isso não inibe nossa espontanealidade? Como ser criativo olhando 8 horas para uma tela com todos os seus sites e e-mails bloqueados pelo "infra"? Como entender o mundo sem vê-lo?

Será que para enriquecermos nossa experiência humana no século XXI, precisaremos nos tornar menos humanos?

Valorizamos e desvalorizamos o que somos todos os dias. Ao mesmo tempo. Meio esquizofrênico e bipolar isso, não?

É do que fala o Luli. Provavelmente, uma voz sonhadora e dissonante que se perderá no rolo compressor do cotidiano. O mundo não pode parar, e não irá.

Mas é também uma situação meio Matrix. As pílulas foram dadas. Qual cor você escolherá?


LEIA MAIS:

Livro de Luli Radfahrer "A arte da guerra para quem mexeu no queijo do pai rico"

luli.com.br, site do Luli Radfahrer

"O que você faz?" Uma palestra de Luli Radfahrer

Um comentário:

Bernardo Loureiro disse...

Apesar de um alto nível de pessimisto corporativo, eu estou gostando do livre dele. É realista apesar de cômico.